... E se incendeias meu cérebro,
Então te conduzirei no meu sangue (Rilke)

29 de mai. de 2014

Resenha: Identidade Roubada - Chevy Stevens

O livro de Chevy Stevens relata a história de Annie, uma corretora de imóveis, mulher comum que vive uma vida normal, com problemas como qualquer outra pessoa. Narrado em segunda pessoa, com uma mistura de monólogo interior, é um thriller que eu classificaria como, no mínimo intenso.

Annie tem um trabalho, um namorado, amigos, uma vida tranquila de uma mulher de trinta e poucos anos. Mas nem sempre foi assim. Perdeu a irmã e o pai em um acidente de carro na adolescência. Sua mãe não foi forte o suficiente para cuidar nem de si mesma, se entregando ao vicio do álcool logo depois. Algum tempo depois sua mãe se casou com um homem inexpressível, que não ajudou muito no seu crescimento.

Num domingo, final de plantão, chega um homem para avaliar a casa que ela está vendendo. Um homem comum e até simpático. E ela resolve abrir uma exceção para que ele entre na casa pra conhecer o imóvel. Mas essa visita tinha outros propósitos. Annie é sequestrada.

A partir deste momento a autora faz com que o leitor acompanhe todo o sofrimento da personagem e seus momentos de agonia vividos no chalé, onde o sequestrador, o qual ela chama de Maníaco, a deixou em cativeiro durante 365 dias. Além de viver presa, ela é estuprada várias vezes, espancada infinitas vezes e humilhada ao extremo. O homem, demostra um humor instável, sendo extremamente grosseiro e agressivo, passa a criar uma rotina dolorosa à Annie que deve segui-la fielmente sem reclamar, ou então sofre consequências drásticas. Um sofrimento ao qual ela tenta se livrar no divã de sua psicóloga.
"Às vezes, volto ao dia do sequestro... repasso mentalmente minhas ações até os momentos finais do plantão, cena por cena, como um filme de terror que nunca acaba, um filme em que a gente não consegue impedir que a jovem abra a porta ou entre num prédio vazio."
A narrativa intercala os momento vividos no cativeiros, com os momentos após sua fuga. O livro é mais interessante ainda por isso. Tudo acontece na cadeira do consultório, onde ela conta suas lembranças e dores da qual quer se livrar. 

A leitura é envolvente, mesmo sendo extremamente chocante, e faz bater a curiosidade em virar a página e saber o que virá a seguir. Os acontecimentos relatados de fato impactam o leitor, e faz sentir total repulsa pelo Maníaco. Minunciosamente, ingerimos calados todo o misto de sensações pós-traumáticas da personagem, e é impossível a leitura não mexer com o leitor. O horror causado no chalé são cenas fortes, e provocam uma avalanche de sentimentos.

Annie é uma personagem forte, que está disposta a deixar a dor que sofreu para trás, e ter um novo começo. A narração em primeira pessoa foi fundamental para que estivéssemos intimamente ligados à Annie, e sentirmos aprisionados, tanto quanto ela. Já o Maníaco é um personagem surpreendentemente cruel e instigante. A cada uma de suas falas, expressões e ações, é notável o quanto ele possui uma mente doentia, controladora e é detentor de um humor que pode mudar com apenas um ato de descumprimento de quaisquer dentre as regras malucas que ele impõe.
“Cada mania que eu tinha antes foi intensificada 20 vezes e hoje eu também sou meio louca.”
O livro ainda conta com um suspense das investigações, uma pitada de romance, e muitas, muitas emoções. O final dessa história é surpreendente. Em nenhum momento eu consegui imaginar como iria terminar. E me pegou totalmente de surpresa.
“O interessante é que quase ninguém pergunta como me sinto agora… Não que eu fosse dizer. Só me pergunto por que não há interesse em saber o que aconteceu depois… todo mundo só quer saber da história. Acho que as pessoas pensam que a coisa acaba ali. Quem dera.”
Por Bebendo Livros

2 comentários:

  1. Identidade Roubada foi um livro que demorei pra finalmente tirá-lo da minha estante e me jogar com tudo, e como me arrependo dessa demora, ele é um meu favorito do gênero!

    Ótima resenha :3

    Beijos,
    www.livroterapias.com

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    Respostas
    1. Obrigada pela visita e pelo elogio Nathália... seja sempre bem-vinda!
      Eu particularmente gosto muito deste estilo literário e o livro me prendeu bastante. bjuus

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