A nova Rússia completou seus primeiros vinte anos em 2011. É uma história ainda recente. A imagem transmitida tantas vezes para milhões de televisores de todo o mundo — a troca da bandeira vermelha com a foice e o martelo pelo pavilhão branco, azul e vermelho da Federação da Rússia — parece ser de ontem. Era o fim do grande império que, por tantos anos, determinou o mundo bipolar da segunda metade do século XX”.
Assim começa a narrativa de Vivian Oswald em Com vista para o Kremlin: a vida na Rússia pós-soviética, reveladora de um novo cenário russo, oculto ou mascarado pelos filtros da simplificação e dos estereótipos. O olhar brasileiro ali inserido traz uma percepção única e geradora de proximidade jornalística com o leitor.
Com desenvoltura e critério, a autora transita da sucessão política do governo Putin a fatos prosaicos, como a necessidade de manter a geladeira aberta para suportar o calor dentro de casa, da espionagem da KGB a casamentos por interesse e aulas de sedução.
Colhendo, observando ou protagonizando histórias e acontecimentos, marcantes ou triviais, a jornalista presenteia o leitor com um universo às vezes curioso e exótico, às vezes tocante; um universo que se contamina lentamente com a normalidade inevitável do decorrer do tempo.
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