... E se incendeias meu cérebro,
Então te conduzirei no meu sangue (Rilke)

25 de jun. de 2017

Resenha: Bom dia, Verônica - Andrea Killmore

Verônica é uma simples escrivã da polícia civil de SP, ela atua como secretária de um delegado que está prestes a se aposentar e que agora só está interessado em arquivar todos os casos possíveis. Por ser filha de um policial, Verônica tem gana de prender bandidos, de desvendar crimes e punir culpados. Mas é claro que na posição atual dela isso é simplesmente impossível. Tudo o que ela faz, dia após dia, é cuidar de burocracia e relatórios.

E mais um dia se inicia nessa rotina entediante da Verônica, quando tudo muda completamente. Ao chegar no trabalho, atrasada como sempre, seu chefe está trancado na sala dele com alguém misterioso. E esse alguém acaba se revelando uma mulher chorosa, com a boca desfigurada, que havia ido a delegacia prestar queixa de um crime. Mas seguindo o seu novo lema, Carvana (o chefe da Verônica), manda ela engavetar o caso, e dar um jeito na mulher, por assim dizer. Até aí, sem grandes novidades. Mas a reação seguinte da misteriosa mulher irá transformar completamente a vida da Verônica. Pois do nada, ela se joga da janela da delegacia, cometendo suicídio diante dos olhos da Verônica. Mas antes de morrer, ela diz uma frase que será a faísca necessária para trazer de volta para Verônica o desejo de solucionar um crime. A vontade de fazer justiça para aquela mulher desesperada.

E seguindo os rastro da suicida, que se chama Marta, Verônica acaba sendo arrastada não somente para a trama desse crime e dessa mulher, mas também para a vida e o drama de outra mulher que a viu dando uma entrevista na TV sobre a morte da Marta. Considerando-se que teoricamente ela não poderia estar investigando nem mesmo um único crime, quanto mais dois, Verônica precisa contar com toda a sua lábia e seus contatos para conseguir manter os dois casos simultaneamente, sem levantar suspeitas.
"Mais tarde, soube que ela se chamava Marta Campos. Mais tarde, soube tudo sobre a vida dela. Mais do que ela poderia imaginar. No entanto, naquele momento, eu não sabia de nada e, ainda assim, senti uma conexão forte, uma compaixão pela mulher com a boca nojenta. Agora eu entendo o motivo."
E é claro que isso não é nem um pouco fácil, mas em um misto de detetive, à la Sherlock, e de policial civil, ela vai aos poucos desvendando mistérios a cerca dos casos que está conduzindo. Isso tudo ao mesmo tempo que tenta manter uma família e seus casos aleatórios. Mesmo para uma equipe de policiais, os casos que ela assumiu já seriam complicados, mas como ela está praticamente sozinha nessas duas empreitadas, o que era difícil acaba se tornando mortal. E não é somente a vida da Verônica que está em risco, então agora ela deverá ser mais esperta do que seus alvos, agindo na surdina para pegá-los, antes que eles descubram que ela está atrás deles.

Bom dia, Verônica é um caso raro de livros desse gênero na literatura nacional. Costumo ler esse tipo de literatura criminal constantemente, mas sempre são internacionais. O fato da história se passar por aqui dá um ar de realidade que nunca tinha experimentado antes. Estão inseridos na história nossos costumes, os melhores e os piores, como o jeitinho brasileiro. 

Verônica é uma personagem complexa, humana. Ela não é à prova de falhas, tanto que por várias vezes quis dar um soco na cara dela. O fato de que, sendo ela uma pessoa tão esperta e mesmo assim capaz de cometer erros, fez com que ela se tornasse mais real. De certa forma, considero que ela seja incapaz de realmente atuar em uma equipe, acho que ela tem uma personalidade narcisista demais para isso. Mas ainda assim, não consegui deixar de gostar dela, ela tem um pouco de todos nós.

A narrativa do livro se desenvolve de forma rápida, o ritmo do livro te envolve facilmente. Um livro para ser rapidamente devorado, até porque a cada capítulo ficamos cada vez mais curiosos sobre o desfecho dos dois casos da Verônica. Ficamos desesperados para saber o que irá acontecer a seguir. O livro é narrado principalmente em primeira pessoa pela Verônica, mas a narrativa se alterna em alguns capítulos, o que amplifica a nossa visão sobre a história.

A edição do livro é sem dúvidas uma obra prima a parte, com uma capa que invoca tanto mistério quanto a narrativa do livro e a história da autora. A arte da capa está linda, assim como as ilustrações que vamos descobrindo conforme avançamos a leitura.

Um livro que não deixa nada a dever aos gringos do gênero, esse livro irá te seduzir rapidamente. Que esse seja apenas o primeiros, dos muitos livros que autora ainda irá escrever, Mal posso esperar pelos futuros livros da autora.
"A vida é assim: você faz cem coisas certas, mas os sacanas só se lembram de uma coisa errada. É injusto pra caramba, e injustiça dói na alma."

Por Bebendo Livros 

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