... E se incendeias meu cérebro,
Então te conduzirei no meu sangue (Rilke)

19 de nov. de 2020

O Homem Duplicado - José Saramago

O professor de história Tertuliano Máximo Afonso descobre, certo dia, que é um homem duplicado. 

Ao assistir a um vídeo, ele se reconhece em outro corpo, idêntico ao dele próprio: um dos atores do filme é seu sósia. 

Os desdobramentos dessa história são imprevisíveis. 

Mas o romance de José Saramago, esclareça-se logo, não tem nada a ver com clonagem ou outras experiências de laboratório. 

O que está em jogo é a perda de identidade numa sociedade que cultiva a individualidade e, paradoxalmente, estabelece padrões estreitos de conduta e de aparência. 

Os romances recentes do escritor português retratam uma época de transformações que, para boa parte da humanidade, resultam mais em perdas que em ganhos.

Em Ensaio sobre a cegueira, os personagens perdem a vista, sinal de um tempo em que todos parecem estar cegos. 

Em A caverna, artesãos perdem o emprego, incapazes de sobreviver à sociedade de consumo. 

Em O homem duplicado, José Saramago constrói uma ficção extraordinária, apoiada numa questão extremamente atual e inquietante: a perda de identidade no mundo globalizado.

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