Ao assistir a um vídeo, ele se reconhece em outro corpo, idêntico ao dele próprio: um dos atores do filme é seu sósia.
Os desdobramentos dessa história são imprevisíveis.
Mas o romance de José Saramago, esclareça-se logo, não tem nada a ver com clonagem ou outras experiências de laboratório.
O que está em jogo é a perda de identidade numa sociedade que cultiva a individualidade e, paradoxalmente, estabelece padrões estreitos de conduta e de aparência.
Os romances recentes do escritor português retratam uma época de transformações que, para boa parte da humanidade, resultam mais em perdas que em ganhos.
Em Ensaio sobre a cegueira, os personagens perdem a vista, sinal de um tempo em que todos parecem estar cegos.
Em A caverna, artesãos perdem o emprego, incapazes de sobreviver à sociedade de consumo.
Em O homem duplicado, José Saramago constrói uma ficção extraordinária, apoiada numa questão extremamente atual e inquietante: a perda de identidade no mundo globalizado.
0 comentários:
Postar um comentário